LEITURA DISCURSIVA DA CIDADE

A análise visa oferecer uma panorâmica da teoria semiótica elaborada por A.J. Greimas e seus colaboradores, em especial, dos prolongamentos da teoria geral propostos por E. Landowski no quadro da sociossemiótica. Desenvolvendo o postulado greimasiano que a interação entre sujeitos funda a sentido (Semântica estrutural, 1966), Landowski propôs uma correspondência entre os procedimentos de interação e os de construção do sentido que amplificaram o escopo de análise da teoria semiótica.

Dos discursos regidos por axiologias fechadas àqueles de valores abertos, são abordados o regime narrativo de “junção” e o regime narrativo de “união”, assim como passagens compositivas entre esses. Esses fundamentos teóricos e metodológicos voltam‐ se nesta disciplina para a abordagem dos processos interacionais em diferentes práticas sociais que têm lugar na cidade de São Paulo, preocupando‐se em explicitar os princípios de funcionamento dos tipos de emergência do sentido. Explorando os modos como se dão as relações com o Outro, qualquer que esse seja, as figuras do outro são estudadas enquanto modos de presença que fazem ser o encontro interativo promotor de experiências de sentido. O estudo da organização do enunciado permite reconstruir as escolhas do enunciador e descrever os tipos de interação discursiva com o enunciatário. O modo como o processo de interação corresponde ao processamento do sentido será estudado em um conjunto de práticas sociais observáveis na cidade de São Paulo.

Tratar‐se‐á, em especial, de analisar como os modos de articulação dos formantes em figuras da expressão são regidos por uma estética da expressão, envolvendo uma semiótica plástica (proposta inicialmente pelos trabalhos de J.M. Floch e F. Thülermann). Os arranjos da plástica da expressão marcam os modos de plasmar o sentido para um dado público, permitindo refletir sobre os procedimentos dos vários pontos da cidade fazer ser o sentido no social a partir de modos de construção da visibilidade, urbanidade, sociabilidade e da identidade que concretizam os valores do viver a cidade.

Texto por Jorge Arruda